Encontro Nacional do IC&A reafirma a leitura como direito e avança na formação de rede nacional de bibliotecas

Rede Baixada Literária

Reunidos em Fortaleza para o Encontro Nacional do Programa Prazer em Ler, participantes de 16 redes de bibliotecas reafirmaram a leitura como um direito humano e avançaram na formação de uma Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias.  Este foi o último encontro do ciclo 2013/2015 do programa do Instituto C&A, que apoia redes de biblioteca comunitárias espalhadas por 11 estados do país e foi organizado a partir de temas escolhidos pelas próprias equipes das bibliotecas.  O Encontro também foi decisivo para a organização da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias – RNBC, proposta que começou a ser gestada no encontro nacional anterior, em Salvador.

A diretora executiva do IC&A, Giuliana Ortega, que assumiu o cargo recentemente, esteve na abertura para conhecer de perto os integrantes do Programa e contar sobre a reestruturação da área social da C&A, que passa a ser gerida por um instituto de âmbito global, a C&A Foundation. As ações irão se ampliar para novos temas, além dos programas na área de educação e promoção da leitura.  Questões sociais /ambientais que impactam a cadeia produtiva da área têxtil, como as condições de vida e trabalho dos agricultores, o uso do solo e a exploração do trabalhador imigrante, serão incorporadas aos programas do IC&A no Brasil.

A coordenadora do Programa Prazer em Ler, Patrícia Lacerda, reforçou que as ações de apoio à leitura permanecem, com previsão de edital para o novo ciclo no início do próximo ano.  E destacou a visão de leitura como um direito humano, com base na concepção de Antonio Cândido, de literatura como necessidade universal dentro do âmbito da luta pelos direitos humanos.

Um dos temas escolhido pelos mediadores e coordenadores de bibliotecas para ser tratado em Fortaleza foi a participação em editais e prêmios da área do livro e leitura. O titular da DLLLB – Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca, Volnei Canônica, que foi coordenador do Prazer em Ler, falou da importância de apresentar projetos que tenham o leitor como centro e de conhecer as ferramentas disponíveis para obtenção de recursos para as bibliotecas. Ele trouxe a técnica do Ministério da Cultura, Jaqueline Ferreira, para comentar e tirar dúvidas sobre o edital ‘Por um Brasil de Leitores’, com possui duas categorias de premiação que podem ser utilizadas pelas bibliotecas comunitárias.

 

O desdobramento mais importante do Encontro foi, sem dúvida, o fortalecimento da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias – RNBC, que teve espaço privilegiado de discussão.

Sobre o tema orçamento público e controle social, Grazielle David, do Inesc – Instituto deEstudos Socioeconômicos, falou da importância do movimento social organizado nas instâncias de participação do poder político como o legislativo e da necessidade de conhecimento dos mecanismos legais que regem a construção e uso dos recursos públicos, como os Planos Plurianuais e as leis orçamentárias. O Inesc é uma instituição que atua na articulação da sociedade civil para atuação nos espaços governamentais para garantia de direitos. Ela destacou que para atuação na garantia de direitos e no controle social de políticas públicas é preciso “conhecer o terreno, se preparar, ter paciência e resiliência e estar presente, fazer contatos, se articular na defesa dos seus direitos”.

Enraizamento comunitário foi outro tema que permitiu conhecer três projetos bem sucedidos, todos do Ceará. Representantes do Banco Palmas, do Ecomuseu de Maranguape e do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza relataram suas experiências na área de economia solidária, memória popular e defesa de direitos sociais que têm reconhecimento e participação de suas comunidades.

O desdobramento mais importante do Encontro foi, sem dúvida, o fortalecimento da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias – RNBC, que teve espaço privilegiado de discussão. Além da possibilidade de debater presencialmente em plenária e em grupos temáticos, houve contato por skype com Elisa Machado, bibliotecária e pesquisadora que participou de iniciativa de formação de uma rede nacional de bibliotecas comunitárias. A RNBC nasceu da necessidade de uma articulação que fortaleça o papel das bibliotecas comunitárias na formulação das políticas públicas da área do livro e leitura.

A organização que envolve pessoas espalhadas por vários estados do país tem caminhado com auxílio das tecnologias, como Skype, whatsApp, redes sociais e grupos de email. A oportunidade de estarem reunidos presencialmente fortaleceu o movimento e aumentou a motivação para levar à frente o desafio de construir uma rede num país de proporções continentais. Como bem lembrou Bel Santos Mayer, do polo de leitura LiteraSampa, “não é possível construir políticas públicas de promoção do livro e da leitura sem a participação das bibliotecas comunitárias”.  E para tanto, estamos nos organizando!

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SOBRE

A Baixada Literária é uma Rede de Leitura que surgiu de uma necessidade da comunidade em desenvolver hábitos de leitura e melhorar a qualidade da leitura e escrita na população dos bairros periféricos do Município de Nova Iguaçu.