Shirley Garrido contou do esforço das bibliotecas comunitárias para levar a leitura os moradores em vários bairros de Caxias. O trabalho teve um salto de qualidade com a formação do polo Tecendo uma Rede de Leitura. Disse ainda que o município está avançando na construção de seu PMLLB, através do Grupo de Trabalho, atualmente em articulação com a Câmara dos Vereadores. Destacou que esse é um movimento que transcende a Baixada, falando da formação de uma Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias. A bandeira dos polos de leitura de vários estados brasileiro, afixada na entrada do evento, está passeando por vários seminários em que a mesma discussão de incidência em políticas públicas do livro e leitura está sendo realizada.
O Poetinha, escritor representante da Academia de Letras e Artes de São João de Meriti, disse que a entidade pretende retomar este ano a prática de organizar um grupo de escritores em visitas itinerantes às escolas. O grupo leva poesias para dentro das escolas e já há uma articulação inicial com colégios estaduais. Ainda não foi feita nenhuma articulação no âmbito municipal. Poetinha acredita que a Academia tem muito a contribuir para a criação do hábito de leitura entre os jovens e leu para o público um poema em homenagem a Zumbi dos Palmares.
Encerrando as apresentações da mesa, a coordenadora da Biblioteca Comunitária Nossa Casa Roberta de Paula destacou o papel da biblioteca comunitária na formação de pessoas, mais do que leitores. Mesmo com recursos escassos e nenhum apoio do poder público, disse não estar completamente só porque conta com o trabalho coletivo da rede Baixada Literária para aprimorar sua formação e da equipe da biblioteca e oferecer aos moradores do Bairro Tomazinho uma biblioteca viva, com qualidade de acervo, atividades e atendimento. A situação é ainda mais grave, segundo Roberta, porque sem recursos a biblioteca comunitária corre o risco de fechar, deixando São João de Meriti praticamente sem espaço público de leitura.
No tempo aberto para debates, os participantes se posicionaram sobre vários temas, como leitura como direito humano, base para a conquista de outros direitos como educação, saúde e segurança; ações efetivas dos governos para manutenção dos espaços de leitura; necessidade de São João ter um centro cultural público, com funcionamento pleno para aglutinar os diversos setores culturais da cidade, tanto da leitura, literatura, como artes visuais, plásticas, etc.
A mediadora Vanessa Vieira encerrou o Seminário reafirmando o compromisso da continuidade da discussão do tema das políticas públicas específicas do livro e leitura em São João, para o qual já se mobilizaram as bibliotecas comunitárias e os escritores da Academia de Artes e Letras. A subsecretária de cultura de São João de Meriti, Fernanda Braga, afirmou que apoia a iniciativa e que irá participar das discussões do tema.
O Seminário contou com a participação de 66 pessoas, com avaliação positiva dos organizadores que pretendiam mobilizar e articular mais pessoas para a discussão de políticas públicas do livro e leitura em São João de Meriti. Este é o caminho que precisaremos trilhar para garantir aos moradores de mais municípios da Baixada o direito à leitura através do acesso ao livro, leitura e literatura em espaços públicos, além do incentivo a escritores, poetas e à produção literária local.
Oficinas
Na parte da tarde do mesmo dia, em tendas montadas na Praça da Matriz, as equipes dos polos Baixada Literária e Tecendo uma Rede de Leitura realizaram duas oficinas também como parte da programação do Flidam. Aproveitando o tema do festival ensinamos a fazer bonecas Abayomi e turbantes, atividades que fizeram sucesso entre o público que passava no local.
Literatura, Patrimônio Cultural e Território
O Baixada Literária também participou do Flidam na mesa redonda Literatura, Patrimônio Cultural e Território com a mediadora de leitura Carmem Valéria Carvalhal, da Biblioteca Comunitária Mágica. Valéria apresentou o trabalho de leitura feito na comunidade do Bairro de Maio, onde está localizada a BC no debate que teve a participação de Luciane Barbosa, coordenadora do Inepac – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, Alexandre Pimentel, superintendente de cultura e território da Secretaria Estadual de Cultura e Renata Costa, coordenadora de acervo do Sistema Estadual de Bibliotecas.